A Amazônia, o outro do Brasil

  • EIA
  • Como foi possível no passado a sobrevivência de uma enorme população indígena nessa região, deixando tão poucas marcas no ambiente, quando comparada ao modelo desenvolvimentista incentivado pelos governos nas últimas décadas?
  • Mesmo após séculos de exploração, a região amazônica ainda dispõe de uma enorme diversidade de recursos naturais (alguns deles ainda não revelados), de modo que seria inevitável que esta região aparecesse no cenário mundial como um de seus mais importantes ícones.
  • Se os resultados favorecerem a diminuição das desigualdades sociais, certamente os conflitos diminuirão à mesma proporção.

Violeta Refkalesky Loureiro In: Amazônia Latitude Review – Universidade Estadual da Flórida

  1. Discute a construção da OUTRIDADE DA REGIÃO como justificativa para a implantação de projetos desenvolvimentistas
    Como o Brasil foi desqualificando e inferiorizando a Amazônia, mais ou menos o pensamento grego (uma águia não vai se importar com uma mosca)
  2. Interesses do governo e empresários brasileiros e estrangeiros
  3. Como ela é hoje: bela, amada, conflitada
  4. Implica necessariamente num mergulho em sua História (Antiga e Recente)
  5. Também nas singularidades que a caracterizam e que a converteram num espaço único no mundo — povos distintos e mágicos, de cultura, de mitos e maravilhamento.
  6. Mas simultaneamente, em espaço de cobiça, conflitos e, num inquietante de contraste de abundância e pobreza
  7. Navegadores, cronistas, naturalistas e religiosos (jesuítas e domicanos) anunciaram seus mitos e maravilhas.
    • Inicialmente positivas, as singularidades foram sendo transformadas à medida que se intesificava o processo de exploração
    • Em poucos séculos, de maravilhosa passou a insalubre, inferno verde, difícil, estranha, diferente
    • Estava instalada a rejeição da diferença
    • O estranhamento se entranhou na consciência nacional
  8. Origem do período colonial Portugal-Brasil
  9. Felipe II da Espanha, assumiu também o trono de Portugal (Filipe II de Espanha e I de Portugal foi rei de Espanha, rei de Portugal, Rei de Nápoles e Sicília e rei da Inglaterra e Irlanda. Ele foi também duque de milão, e a partir de 1555, senhor das dezessete províncias da Holanda).
  10. Fundou em Terras espanholas a colônia do Grão-Pará – Maranhão e Piauí até as Terras Amazônicas
  11. Autoridades portuguesas e espanholas dirigiram e povoaram o Grão Pará.
  12. Brasil e o Grão Pará se reportavam diretamente a Portugal, não mantendo nenhum contato uma com a outra.
  13. Em 1822, o Grão Pará não aderiu a independência do Brasil. A adesão se deu em meio a luta dos habitantes contra as tropas contratadas pelo imperador – 15 de agosto de 1823.
  14. A crise se desdobrou em lutas internas e resultou no movimento popular denominado Cabanagem que deixou em torno de 40 mil mortos entre 1835 e 1840
  15. Oficialmente, o encerramento da cabanagem se deu em Santarém, dentro da igreja da matriz Nossa Senhora da Conceição… entreguem as armas e criaremos a província do Tapajós
  16. Mesmo que já legal e formalmente integrada ao Brasil, a Amazônia permaneceu até 1960 sem nehumaligação por terra com o resto do Brasi.
  17. Só em 1961 tivemos BLM<-BSB (BR 2ônica) entre 1969 e 1974, Santarém-Cuiabá (BR 163_ e 76 Oeste
  18. Propiciaram as condições da atual subalternidade amazônica em relação ao país Brasil
  19. Condições que formaram sua OUTRIDADE, a concepção imaginária e equivocada de que tem um povo, um território ou etnias pertencentes a um mesmo corpo social que é diferente e inferior à da maioria
  20. As singularidades naturais e culturais foram sendo quaificadas como “atraso” em relação ao restante do Brasil
  21. Identificaram a região como pólo negativo e inferiorizado da dicotomia “moderno-atrasado”
  22. Este pseudo atraso sedimentou-se entre 1930 e 1945
  23. Situando-se do lado de fora das fronteiras civilizatórias em que o Brasil “se inseriu” (pensamento valorativo, perverso e distorcido)
  24. Diferencia e inferioriza povos e etnias no qual a sociedade ocidental emergiu
  25. O racismo continua como um poderoso e perverso fato social, organizador das desigualdades na sociedade.
  26. Este preconceito regional atinge em cheio a Amazônia e seus povos.
  27. Inclusive os indígenas urbanos e quilombolas, populações tradicionais diversas, assim como os numerosos e minúsculos núcleos urbanos, à beira dos igarapés, lagos e rios.
  28. Assim, a sociedade da mais rica e admirável multiculturalidade do país e do mundo foi sendo tomado pelo restante do Brasil como “o lugar do atraso”
  29. Militares entendiam e ainda entendem o país como um único povo, única língua, habitando um único território contínuo
  30. Tentam homogeneizá-lo e ajustá-lo aos cânones ditos civilizatórios e do capital
  31. Entretanto, a região não tem se encaixado nos propósitos “civilizatórios”, justamente devido à diversidade na cultura e natureza
  32. O que perdura de mais original –indígenas, quilombolas, são seus modos de vida, sua rica e enigmática biodiversidade (que está em perigo de extinção)
  33. Estes são bem visibilizados –agora como inconvenientes e obstaculizantes à forma de reprodução do capital.
  34. O que se quer é que tenhamos um tratamento diferenciado e respeitoso
  35. Assumir o caráter ético
  36. Obstina-se na tentativa de domesticar o homem e a natureza da região
  37. O governo molda ambos à visão equivocada e à expectativa de exploração e lucro, ao invés de estuda-la, considerando sua cultura, identidade e caráter multiétnico
  38. Como o governo tem agido: dando finalidade privada a bem coletivo (ex desfiguração da praça Rodrigues dos Santos)
  39. Não consegue entender e aceitar a importância das referências históricas e culturais
  40. Os vestígios da ancestralidade – o marco zero
  41. Quer reescrever a história com o monueento à merretagem

Outras leituras sugeridas em aula:

João Loureiro – A poética do imaginário do caboclo.

Yi-Fu Tuan – Topofilia

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