Ecologia política: da desconstrução do capital à territorialização da vida

  • Pessoal

Livro por Enrique Leff

Anotações de leitura

Capítulo 1 – Libertando a sustentabilidade da vida

  • 1972 – na Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, em Estocolmo, tocou pela primeira vez o alarme ecológico quando o estudo do MIT e do Clube de Roma “Os limites do crescimento” apresentou a expansão destrutiva do capital;
    • são 50 anos de conhecimento da crise e de inação pela mudança.
  • Enfrentamos uma crise civilizatória:
    • o capitalismo e o constante processo de globalização tecnoeconômica seguem uma lógica antiecológica que desencadeia e impulsiona a morte entrópica do planeta e da humanidade:
      • o processo econômico cresce sem limites se alimenta da natureza, de matéria e energia, de biodiversidade, de formas de vida e dos modos de existência que foram reduzidos a mero objetos, a matérias-primas, a recursos naturais, a seres humanos convertidos em simples força de trabalho, guiados pelos fins da economia, não pelas trilhas e pelos sentidos da vida.
      • o risco parece ser um elemento-chave para as formas de agir, pensar e sentir que pautarão as formas de vida social criadas na atualidade, sendo impossível precisar como será o mundo nas próximas décadas
  • O chamado à sustentabilidade
    • é um propósito abstrato enquanto não definirmos aquilo que queremos sustentar. Que tipo de vida queremos?
    • é possível construir uma economia ecológica e humana ligada aos princípios de auto-organização e às condições ecológicas de resiliência, que reconheça as condições simbólicas da vida humana, que se combine com a evolução criativa da vida e na diversidade cultural da humanidade, mas isso implica desconstruir a economia estabelecida e construir um novo paradigma produtivo arraigado em processos de produtividade ecotecnológica-cultural, baseado em uma ontologia da vida e nos princípios de uma racionalidade ambiental.
  • Racionalidade econômica
    • seu modo de produção, de propriedade e de apropriação da natureza, de concentração de renda e riqueza é a causa fundamental da depreciação e da degradação da natureza
      • a subvalorização da natureza e a desigualdade são mecanismos que sustentam a ordem capitalista global
  • Racionalidade ambiental
    • a natureza aparece como a base da sustentabilidade do processo produtivo de meios de vida e modos de existência e não como insumo de um processo econômico
    • princípios e nos valores orientados a preservar, potencializar e dignificar o princípio da vida
    • essa racionalidade não se constrói de cima para baixo, mas se baseia em condições geográficas e sociais, incorporando princípios e potenciais ecológicos, tecnológicos e culturais que permitam a autogestão do processo produtivo nos imaginários e nas práticas das comunidades
    • como os povos tradicionais vivem, seu enraizamento em seus territórios de vida, a vitalidade de seus imaginários ambientais, seu potencial para tornarem-se os atores sociais da construção de um mundo sustentável.
  • Povos da Terra e os direitos existenciais
    • a rempropriação social da natureza e pelo patrimônio biocultural, um movimento com novas raízes ecológicas de resistência-rexistência
    • os movimentos socioambientais de hoje não só reclamam a terra, mas um território, um espaço para ser restaurado e reconstruído desde as profundas raízes de suas identidades culturais, como o habitat onde possam desenvolver seus habitus, seus imaginários e suas práticas, para preservar o patrimônio biocultural, para imaginar e reinventar seus mundos de vida sustentáveis
      • sobrevivência, identidade, autonomia, direitos de existência e qualidade de vida
  • Acariciando e re-erotizando a vida
    • atrevermo-nos a acariciar o mundo e a re-erotizar a vida. “A carícia não sabe o que procura”, disse Emmanuel Levinas. A carícia é impulsionada pelo desejo de vida para libertar seu potencial criativo e arraigá-la no corpo da existência humana.
    • Libertar a potência da vida pela criatividade dos sentidos da vida, dentro das condições próprias desta.

Capítulo 2 – De quem é a natureza? A disputa social pela sustentabilidade da vida

  • O “mercado” falhou: instrumentos econômicos não são capazes de calcular o valor real da natureza e é alheio às condições da vida
    • Economia ambiental e capital natural (neoclássica) acreditou que o sistema econômico poderia internalizar os custos ecológicos estabelecendo preços de mercado para recursos e serviços ambientais
      • problemas de traduzir os custos da conservação e da restauração devido às temporalidades ecológicas de regeneração e produtividade que são assíncronas e incomensuráveis em relação aos ciclos econômicos
      • distribuição desigual dos custos ecológicos, aprofundando assimetrias e desigualdades
    • Economia ecológica apresentou o ambiente com um limite e um custo, conceituado em normas ecológicas da economia para regular a distribuição de direitos de poluição do ambiente e para contabilizar seus danos ecológicos.
  • O movimento socioambiental confronta o modo capitalista de apropriação da natureza e constrói novas estratégias de aproveitamento sustentável dos recursos naturais, incluindo o patrimônio biocultural dos povos tradicionais
    • A apropriação da natureza, com ressignificação e revalorização da vida, vem gerando uma força política para construir um novo paradigma que integre a natureza e a cultura como forças produtivas
      • o saber ambiental emerge na exterioridade do logocentrismo da ciência
    • Resistência à capitalização da natureza, mediante uma luta social para melhorar as condições de sustentabilidade e a qualidade de vida
      • As condições ecológicas e comunitárias da produção aparecem como suporte de uma nova racionalidade produtiva, na qual processos de ordem natural, tecnológica, social e cultural se entrelaçam de maneira sinérgica para gerar um potencial ecotecnológico, que foi oculto pela ordem econômica dominante, para construir um novo paradigma de sintropia na produção baseado nos potenciais da natureza e da criatividade da cultura.
        • equidade social
        • diversidade biocultural
        • justiça ambiental
    • Descentralização do processo de desenvolvimento, com bases em seus valores culturais e seus sentidos existenciais

Capítulo 3 – Espaço, lugar e tempo: a construção local do racional ambiental

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