Documentário-aula 11/10 | professor Jackson Rego Matos
A árvore genealógica da humanidade moderna começa há 150 mil de anos, de acordo com estudos genéticos do DNA mitocondrial (mtDNA), da antropologia molecular e da arqueologia em resgate de sítios arqueológicos, datando ferramentas e o solo.
O mtDNA é caracterizado por um cromossomo circular encontrado na matriz do mitocôndria, em contraste com o material genético linear presente dentro do núcleo das células. Este genoma é muitas vezes herdado uniparentalmente. Em humanos, os filhos ganham o mtDNA da mãe e isto permite rastrear a linhagem através de uma cadeia de ancestrais femininos.

A primeira Eva mitocondrial, há 150 mil anos
Na genética humana, estudos rastrearam a Eva mitocondrial (também mt-Eve, mt-MRCA) como o ancestral comum matrilinear mais recente de todos os seres humanos vivos na África, 150 mil anos atrás.
Mudanças climáticas e o primeiro grande êxodo
Mudanças climáticas causaram seca e fome e forçaram esses humanos coletores e caçadores a migrarem.
A segunda Eva mitocondrial, há 80 mil anos
Há 80 mil anos, o clima do planeta estava ficando ameno novamente. Nossa nova Eva mitocondrial, com uma nova linhagem, foi rastreada na costa da Eritreia, sobrevivendo de recursos marinhos, com uma dieta que consistia em peixes, frutos do mar, moluscos, conchas e mariscos.
Como nossa sobrevivência sempre dependeu do clima, a escassez forçou nova migração. O documentário mostra que cientistas estimam que no máximo 250 ancestrais vieram por uma única rota que teria cruzado o Mar Vermelho, através do Canal de Suez, para o Yemen, no Oriente Médio. A melhor saída possível da África, a nova fronteira do começo do resto do mundo.
Do Yemen, as tribos nômades de caçadores-coletores teria ido para a Malásia e aprendido a viver nas florestas tropicais do sudeste asiático. Suas peles se tornam mais claras e a dieta era baseada em peixes, frutas e raízes.
Erupção do grande Toba (na Indonésia) e 6 anos de inverno há 74 mil anos
Essa erupção teria levado a raça humana à beira da extinção. Nessa época, o Homo sapiens pré-histórico não tinha tecnologia para lidar com catástrofes naturais.
O segundo grande êxodo: rumo à Austrália
Do sudeste asiático, com o nível do mar 50m mais baixo, os humanos teriam partido para Austrália e Nova-Guiné. Por que arriscaram tudo numa cruzada tão perigosa? Os aborígenes australianos tem linhagem genética que liga a segunda Eva, de 80 mil anos atrás. Pinturas de cavernas datam mais de 60 mil anos.
Em 50 mil anos, houve uma melhora repentina no clima e os Homo sapiens se espalham para a Europa
Os Homo sapiens pré-históricos já tinham chegado à Índia e Austrália. Agora, com a melhora do clima, outra grupo foi até a China, outro conseguiu atravessar o Oriente Médio e chegar à Europa. As linhagens começaram a se espalhar pela Europa. Antes não tinham conseguido atravessar o deserto da Arábia Saudita e da Síria.
As chuvas vieram e o Crescente Fértil se abriu. Fundaram as primeiras famílias. Aprenderam a cultivar e se tornaram os primeiros “fazendeiros”. Milhares de anos se passam e essas pessoas começam os impérios Persa, Grego e então Romano.
Surgiram mais 4 Evas mitocondriais que podem ser rastreadas entre a população europeia atual.
Há 25 mil anos atrás, uma nova era glacial permite a migração pelo estreito de Bering e a ocupação da América
Os “primeiros” Homo sapiens americanos teriam trazido o mtDNA de sublinhagem da Ásia. Novas migrações humanas começaram a chegar por diferentes rotas e popular o continente.
Em 5 mil gerações, chegamos ao mundo que conhecemos hoje
Desde os anos 1980, amostras de mtDNA foram analisadas de diferentes grupos. Com elas, os cientistas puderam traçar as similaridades entre os códigos genéticos pessoais e rastrear ancenstrais comuns. Todos nós podemos checar nosso mtDNA para traçar as rotas que nossos ancestrais tomaram na jornada pelo mundo. Há 80 mil anos, ancestrais saíram da África carregando o futuro da humanidade com eles. Em 10 mil anos, já tinham penetrado em cada canto do globo e o documentário aborda essa incrível jornada humana.
Mudanças de aparência
Há pouca variação no mtDNA. Mudanças de fenótipo tem a ver com o clima, ambiente e alimentação. Por exemplo, no clima frio, a pele é mais branca, para produzir vitamina D. A pele é mais pigmentada nas regiões quentes. A melanina é boa para bloquear a radiação ultravioleta solar. Altura tem a ver com dieta (cita carne x arroz no Japão).
Pontos-chave:
- As Evas mitocondriais permitem que rastreemos linhagens comuns que nos levam à África, à primeira Eva mitocontrial;
- Todas as épocas e rotas da migração humana foram definidas pelas mudanças climáticas.